Em 1999, a UNESCO solicitou
ao filósofo Edgar Morin - nascido na França, em 1921 e um dos maiores expoentes
da cultura francesa no século XX - a sistematização de um conjunto de reflexões
que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XXI.
Os sete saberes
indispensáveis enunciados por Morin, objeto do presente livro:
- as cegueiras do
conhecimento: o erro e a ilusão;
- os princípios do
conhecimento pertinente;
- ensinar a condição humana;
- ensinar a identidade
terrena;
- enfrentar as incertezas;
- ensinar a compreensão;
- a ética do gênero humano,
são eixos e, ao mesmo tempo,
caminhos que se abrem a todos os que pensam e fazem educação e que estão
preocupados com o futuro das crianças e adolescentes.
O texto de Edgar Morin tem o
mérito de introduzir uma nova e criativa reflexão no contexto das discussões
que estão sendo feitas sobre a educação para o Século XXI.
Aborda temas fundamentais
para a educação contemporânea, por vezes ignorados ou deixados à margem dos
debates sobre a política educacional.
Sua leitura levará à revisão
das práticas pedagógicas da atualidade, tendo em vista a necessidade de situar
a importância da educação na totalidade dos desafios e incertezas dos tempos
atuais.
Seus capítulos - ou eixos -
expõem a genialidade, clareza e simplicidade do filósofo Morin, num texto
dedicado aos educadores, em particular, mas acessível a todos que se interessam
pelos caminhos a trilhar em busca de um futuro mais humano, solidário e marcado
pela construção do conhecimento.
I - As cegueiras do
conhecimento: o erro e a ilusão
É impressionante que a
educação que visa a transmitir conhecimentos seja cega ao que é conhecimento
humano, seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à
ilusão e não se preocupe em fazer conhecer o que é conhecer.
De fato, o conhecimento não
pode ser considerado uma ferramenta "ready made", que pode ser
utilizada sem que sua natureza seja examinada. Da mesma forma, o conhecimento
do conhecimento deve aparecer como necessidade primeira, que serviria de
preparação para enfrentar os riscos permanentes de erro e de ilusão, que não
cessam de parasitar a mente humana. Trata-se de armar cada mente no combate
vital rumo à lucidez.
É necessário introduzir e
desenvolver na educação estudo das características cerebrais, mentais,
culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das
disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à
ilusão.
O calcanhar de Aquiles do
conhecimento
A educação deve mostrar que
não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela
ilusão. O conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. Todas
as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base
em estímulos ou sinais captados pelos sentidos. Resultam, daí, os inúmeros
erros de percepção que nos vêm de nosso sentido mais confiável, a visão.
Ao erro da percepção
acrescenta-se o erro intelectual
O conhecimento, como
palavra, idea, de teoria, é fruto de uma tradução/construção por meio da
linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito ao erro. O
conhecimento comporta a interpretação, o que introduz o risco de erro na
subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de
conhecimento.
Daí os numerosos erros de
concepção e de idéias que sobrevêm a despeito de nossos controles racionais. A
projeção de nossos desejos ou de nossos medos e pás perturbações mentais
trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro.
O desenvolvimento do
conhecimento científico é poderoso meio de detecção de erros e de luta contra
as ilusões. Entretanto, os paradigmas que controlam a ciência podem desenvolver
ilusões, e nenhuma teoria científica está imune para sempre contra o erro. Além
disso, o conhecimento científico não pode tratar sozinho dos problemas
epistemológicos, filosóficos e éticos.
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