domingo, 27 de março de 2016

No botequim - Interpretação de crônica

No Botequim

FREGUÊS — Garçom, por favor. Eu quero um café com leite e rosquinhas.
GARÇOM — O senhor vai me desculpar mas na tem mais rosquinhas.
FREGUÊS — Ah? Não tem rosquinha?
GARÇOM — Não senhor.
FREGUÊS — Não faz mal. Então me dá um cafezinho simples. Isso. Só um cafezinho. (pausa) Com uma rosquinha.
GARÇOM — Eu acho que não me expliquei direito. Eu falei pro senhor que não temos mais rosquinha. Acabou toda a rosquinha.
FREGUÊS — Ah bom. Se é assim, muda tudo. Acabou a .rosquinha?
GARÇOM — Acabou sim senhor?
FREGUÊS — Então me traz um copinho de leite. Leite tem?
GARÇOM — Tem sim senhor.
FREGUÊS — Beleza. Me traz um copo de leite. Com uma rosquinha.
GARÇOM — Eu disse que não tem mais rosquinha! Torrada tem; rosquinha não tem! Há três anos que não tem rosquinha!
FREGUÊS — Calma, o senhor também não precisa ficar nervoso. Não tem, não tem. Eu peço outra coisa. Eu não sou difícil pra comer. Eu tomo o que o senhor quiser. Chocolate, chá, sei lá. Chá o senhor tem?
GARÇOM — Tenho sim senhor.
FREGUÊS — Garçom, por favor. Eu quero um café com leite e rosquinhas.
GARÇOM — Eu já disse que eu não tenho rosquinha! Faz o seguinte. Vai em outro boteco. Não me enlouquece. Vai em outro boteco!
FREGUÊS — Não, pode deixar. Vamos mudar tudo. O que eu não quero é que o senhor se aborreça. Em vez disso me dá uma coisa que alimente mais. Totalmente diferente. Uma coalhada. Taí. Uma coalhada. Coalhada tem?
GARÇOM — Tem.
FREGUÊS — Tem mesmo?
GARÇOM — Tem.
FREGUÊS — Vê lá, heim? Não vai me fazer mudar o pedido de novo à toa.
GARÇOM — Eu já disse que tem! O senhor vai querer ou não?
FREGUÊS — Vou querer ou não, o quê?
GARÇOM — A coalhada!
FREGUÊS — Claro que sim. Acho ótimo. Uma coalhada (pausa). Mas não esquece da rosquinha.
GARÇOM — O senhor é maluco, é? Não tem rosquinha! Não tem rosquinha!
FREGUÊS — Ta bom, ta bom. Não precisa gritar. Traz só a rosquinha, pronto.
FREGUÊS 2  (que está na mesa ao lado) — Escuta aqui. O senhor quer enlouquecer o garçom, é? Há dez minutos que eu estou ouvindo essa sua conversa doida e eu juro que não sei como ele está agüentando! (Para o garçom) Olha, não liga pra esse maluco não. Traz logo essa porcaria dessa rosquinha e manda ele embora. 

                                                                                                Jó Soares


1. Quando você leu o título do texto, que ideias imaginou que seriam apresentadas?
 2. Este texto foi escrito como se fosse para ser encenado.
 Quais as características que comprovam esta afirmação?
 3. Por que o texto pode ser considerado humorístico?
 4. Se você estivesse no lugar do garçom, o que faria?
 5. Na sua opinião, por que o garçom tem tanta paciência com o freguês?
 6. Se o garçom ignorasse o pedido do freguês e trouxesse fatias de bolo, 
o que você acha que aconteceria?
7. Observe:
 "Ah! Não tem rosquinha?"
 "Tem mesmo?"
 "A coalhada!"
 "O senhor é maluco, é? Não tem rosquinha! Não tem rosquinha!!"
O que a repetição do pedido da rosquinha provoca no leitor?

Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado naimprensa,familiaridade entre o escritor e o leitor, onde se falam fatos comuns que acontecem no dia-a-dia das pessoas. No fundo, autores de [ crônicas], levantam discussões sobre a importância do trabalho na vida das pessoas, sobre a incompetência dos governos em resolver o problema do desemprego, etc.
Características:   - A crônica é uma narrativa.
Em resumo, podemos determinar dois pontos:
-  Normalmente possui uma crítica indireta.
-  Muitas vezes a crônica vem escrita em tom humorístico.

(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)



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